Consumidor e publicidade: o que mudou nos últimos 30 anos?

Ao completar 30 anos de atividade, considerei fazer uma análise da evolução do consumidor e das especializações da publicidade ao longo dessas três décadas. Foi um passeio interessante. Espero que gostem.

O comunicador, seja ele publicitário ou não, é e sempre foi um “tradutor” das mensagens das marcas (empresas, produtos, celebridades) para a linguagem dos públicos que pretende atingir. Certamente, há outras competências aos comunicadores, como análise de resultados de campanhas, cálculos de ROAS – Return on Ad Spending e, uma das mais importantes, a criação de conceitos e mensagens que buscam diferenciar uma marca das demais. A guerra do mercado (marketing) é, muitas vezes, vencida pela marca que se mostra diferente. Não necessariamente a melhor tecnicamente, ou a mais forte em faturamento, mas sim as diferentes versus as iguais. Isso porque, na mente do consumidor, o que é diferente de um jeito que ele deseja vai conquistar sua preferência. 

Basicamente, o comunicador procura encontrar um espaço na mente do consumidor, que ainda não foi ocupado por seus concorrentes, para apresentar a marca do seu cliente e, assim, chamar a atenção, ajudar a gerar associações positivas que levarão à preferência e compra.

A principal atividade dos publicitários tradutores é, portanto, conhecer o consumidor. Entender sua relação com a categoria do produto/serviço a ser divulgado; seu processo de compra; o que o motiva e desmotiva; sensibilidade a preço; com quais atributos associa as marcas concorrentes; sua bagagem cultural e, principalmente, seus hábitos de consumo de informação e entretenimento.

Anos 90

No início dos anos 90, comunicar era mais fácil e mais simples. Os meios de comunicação eram basicamente os mesmos desde 1950. A internet estava engatinhando e não se sabia como iria ajudar na divulgação de produtos e serviços. O processo de criação e gestão das campanhas não era diferente. Um bom diagnóstico para conhecer os problemas e objetivos da marca, seus concorrentes e um mergulho no mundo do consumidor. Esse último era feito com pesquisas de recall de campanha e acessando os relatórios do SAC dos clientes. Terminado o diagnóstico, partia-se para a criação (sempre pensando em usar contextos e linguagens adequadas ao consumidor). Um bom insight. Roda o filme e cria o anúncio para revista, com objetivo de criar o sonho, o desejo. Grava o spot, pendura bandeirola no PDV, veicula a oferta no jornal. Sonho criado na TV; oferta nos demais meios para gerar o senso de oportunidade. 

Lançávamos a campanha, monitorávamos o fluxo às lojas e as vendas e, depois de um ano, conduzíamos as pesquisas de percepção de marca. O ritmo era mais lento. Os lançamentos e novidades chegavam aos consumidores por meio das revistas especializadas, jornais e no ponto de venda. Os consultores de venda tinham muita importância no processo. Tudo acontecia no ambiente físico.

No final da última década do século passado, um professor de uma das mais importantes universidades do mundo – Northwestern –, Don E. Schultz escreveu o primeiro livro para nos ajudar a planejar, coordenar e medir resultados das chamadas “campanhas integradas”. O livro era “Integrated Marketing Communications. Putting it together and making it work”. Estávamos em SP, na palestra de divulgação do livro, e entendemos na hora que o futuro da comunicação com o consumidor passaria, obrigatoriamente, por divulgar produtos e serviços por vários meios publicitários, de modo integrado. Abraçamos entusiasmadamente a Comunicação Integrada de Marketing, pois sabíamos ser a abordagem necessária para continuar cumprindo nossa missão essencial: “Ajudar nossos clientes a venderem mais no curto prazo e a obterem melhores margens ao longo do tempo”

A OpusMúltipla, primeira empresa do Grupo OM e, agora, com 51 anos, criou unidades especializadas em marketing direto, publicidade, design gráfico e internet.

Anos 2000

A internet já havia passado da fase de sites com contadores de fluxo e musiquinhas. Veículos tradicionais de comunicação começavam a entender como monetizar seus conteúdos e inventários no mundo on-line. O mundo digital ainda dava seus primeiros passos, mas muito do que se fazia era parecido com os anos 90. Começamos os anos 2000 combinando os chamados meios off (TV, rádio, revista, jornal e Out of Home) com anúncios no mundo on-line desses veículos. Os meios off concentravam a maior parte dos investimentos publicitários e também a audiência dos consumidores. Mas, de repente, “toc toc”, chegou o Google e, seis anos depois, o Facebook. E o mundo ficou mais acelerado. Ainda levaria algum tempo para sentirmos os impactos das Big Techs (devo incluir aí a Amazon). Portanto, o processo de identificação de interesses dos consumidores ainda era muito baseado na observação estruturada no PDV e nas pesquisas conduzidas por institutos. Mas isso estava prestes a mudar.

Anos 2010

Se nas duas décadas anteriores ainda estávamos conhecendo o potencial da chamada internet, a partir de 2010, ficou claro que nada seria como nos 100 anos anteriores, desde a criação das primeiras agências de publicidade. Google e Facebook não se consideraram veículos de comunicação, apesar de venderem publicidade, e isso gerou muita discussão entre os veículos, legisladores, anunciantes e agências. O fato é que o Google abriu um canal de divulgação e, posteriormente, de vendas para pequenas empresas de todo o mundo, tornando o ambiente físico menos relevante do que já havia sido. Os sites viraram e-commerce. Empresas poderiam vender muito pelos canais on-line, mas precisavam dominar essa tecnologia e aprender a divulgar seus produtos naquele ambiente. Surgiram novos indicadores de performance, e o termo KPI (key performance indicator) veio pra ficar. Parece que os dados e a estatística finalmente iriam se vingar da época em que eram mal vistos, quando o insight era rei e os dados eram apenas inconveniências a serem deixadas de lado.

Foi exatamente em 2010 que abandonamos as unidades especializadas e decidimos lançar e/ou adquirir empresas com liberdade para criar seus escopos de serviços, processos e metodologias de trabalho independentes. Nascia o Grupo OM Comunicação Integrada. O primeiro do Brasil a reunir empresas independentes pelo modelo das Integrated Marketing Communications. Por sinal, um pouco antes, o professor Schultz havia lançado a, digamos, versão atualizada do seu primeiro livro: “IMC the next genneration”. Foi necessário incluir os meios digitais ao trabalho de divulgação de produtos e serviços. Por essa época, fomos eleitos o Melhor Grupo de Comunicação Integrada do Brasil, por uma publicação nacional e focada no mundo do marketing e publicidade.

E o consumidor? Bom, a partir de 2010, entender o consumidor e dominar suas linguagens se tornou tarefa complicada. Se antes estudávamos seu comportamento nas lojas e por meio de pesquisas no mundo real, agora poderíamos entender seu comportamento on-line. O e-commerce cresceu exponencialmente e passamos a ter dados maravilhosos como visualização do anúncio on-line, clique no anúncio on-line, acesso ao site da marca a partir do clique no anúncio, venda gerada pelo clique, além de muitos outros indicadores. Essas mensurações encurtaram os ciclos das campanhas. Até então, planejávamos por seis meses, criávamos um filme lindo que seria veiculado na TV e aguardávamos o fluxo em loja ou as pesquisas de recall que seriam realizadas meses depois. A partir de agora, as trocas de anúncios passaram a ser diárias. Os formatos das mensagens publicitárias (anúncio em revista – uma página, meia página. Spot para rádio de 30” e filme para TV de 30” ou 60”) passaram a ter companheiros como bumper ad, anúncios de seis segundos, webséries, ações com influenciadores, lives de vendas. 

Para dar conta de tudo isso, surge uma especialização da publicidade digital: a mídia on-line para performance. Profissionais de mídia e analistas de dados focados em medir, em tempo real, se um anúncio gera mais ou menos cliques do que outro. Começou um “troca oferta”, “muda a cor do splash”, “tira a barba do modelo” e por aí vai. Cada mudança impacta na performance do anúncio e no resultado dos “leads” gerados para as forças de vendas ou sites.

Por consequência, os dados sobre os consumidores passaram a chegar aos montes. Processá-los e compreender os porquês dos comportamentos desse, que passou a ser chamado, consumidor multicanal (ominichannel) é a base para qualquer campanha ou construção de marca bem-sucedida. Nós mesmos lançamos, há três anos, uma empresa focada nesse tema: a Senso Performance que, por sinal, é a que mais cresce.

O mundo da comunicação ficou mais acelerado, os ciclos das campanhas se encurtaram, as ações para impactar e persuadir um consumidor se multiplicaram. O consumidor deixou de ser facilmente compreendido. Cada um de nós assume vários comportamentos a depender da ocasião e do produto. Mas uma coisa não mudou: o consumidor ainda quer ser entendido, bem atendido e acredita que a marca mais conhecida é a melhor. A notoriedade ainda é sinônimo de qualidade. Quem não aparece, não é lembrado e, portanto, não é considerado na próxima compra. Os dados e a estatística vieram para ajudar esse maravilhoso mundo novo, mas de mãos dadas com as big ideias. Ainda precisamos diferenciar marcas. E nada como uma grande ideia para cumprir essa missão. O consumidor quer rir e chorar. Quer se emocionar com grandes ideias e belas histórias. Enquanto não virarmos um feixe de fótons, a velha máxima “ninguém resiste a uma boa ideia” será sempre atual.

Rodrigo Havro Rodrigues, M. Sc.

VP Executivo do Grupo OM Comunicação Integrada

Mestre em Estratégia e professor do MBA em Marketing e Comunicação da UFPR.

Tuesday, 04 April 2023

Comprar direto do anúncio da TV?

Nova plataforma de mídia já está em operação no Paraná 

O crescimento das compras on-line nos últimos anos no Brasil é apoiado por dados que chamam a atenção: em 2022, 87% dos brasileiros já faziam compras pela internet. As redes sociais são uma plataforma importante nesse cenário, pois 75% dos consumidores buscam produtos nelas. Mas o alcance da TV segue sendo imbatível: 79% do tempo passado pelos usuários em mídias é dedicado à telinha. 

Já pensou se fosse possível concentrar todos esses dados em uma só plataforma? Você pode não conhecer, mas ela já existe. O time de mídia da OpusMúltipla está preparado para oferecer essa solução aos seus clientes. Trata-se da Zedia, uma tecnologia que veicula anúncios personalizados e interativos pela televisão. Por meio do controle remoto da TV, o telespectador interage com os conteúdos do seu interesse, que são mostrados de forma personalizada e direcionada. Quem está assistindo tem uma experiência totalmente inovadora, e só precisa de uma TV smart conectada à internet e com sinal aberto. “Com uma interação rápida e direta por meio da TV, o telespectador poderá transformar um desejo em oportunidade, basta apenas que o anúncio o alcance no momento certo”, conta Marcelo Requena, diretor corporativo de Mercado e Soluções Integradas do Grupo RIC. Pioneira na implementação da Zedia no Paraná, a emissora já está utilizando a tecnologia na RIC TV PR e na RecordNews. 

Experiência de consumo interativa

Combinando tecnologia de inteligência artificial e análise de dados, a Zedia entrega assertividade. O telespectador só recebe propagandas relacionadas ao seu estilo de vida, desejos de consumo e áreas de interesse. “As marcas podem utilizar a segmentação personalizada, coletando e analisando dados, criando conteúdo relevante, utilizando plataformas de anúncios customizadas e otimizando campanhas com testes e brand lift”, detalha Requena. Antes mesmo de gerar conversão em vendas, a nova tecnologia possibilita uma nova relação entre consumidores e marcas. “Com essa experiência mais interativa, a comunicação via TV deixa de ser unilateral. O público interage com o conteúdo apresentado através de enquetes, reações em tempo real e navegação em peças publicitárias”, complementa.

Zedia: o futuro da televisão no universo da publicidade

A Zedia ainda não está em todas as emissoras brasileiras. A RIC é uma das poucas que já está com a plataforma em operação. Enquanto isso, profissionais de mídia do país inteiro já enxergam as múltiplas possibilidades que a plataforma vai trazer, inaugurando um novo momento da propaganda, muito mais segmentado e dinâmico. A Zedia oferece análise de dados e relatórios para os anunciantes, permitindo que avaliem o desempenho de suas campanhas e ajustem as estratégias de marketing de forma ágil. Para Requena, a ampliação do uso da plataforma trará vantagens para todos: “Para as emissoras, é uma possibilidade de aumentar e reter novas audiências e gerar novas receitas com publicidade segmentada e contextual. Para as marcas, haverá maior envolvimento do público, será mais fácil criar conexões. E, para as agências, a Zedia permite aumentar o mix de canais em planos de mídia”, finaliza Requena.

2022

February 2022

Wednesday, 16 February 2022

É O POVO QUE ESTÁ DIZENDO.

A pesquisa Edelman Trust Barometer feita em 12 países no auge da pandemia, com 12 mil pessoas, trouxe 4 grandes dicas para as marcas. São milhares de pessoas mandando mensagens para empresas e marcas.
Vou tentar aqui traduzir esses recados para ações práticas.

Show Up and Do Your Part
Sua marca não pode se esconder numa hora dessa, tem que comunicar. Mas também não adianta só falar, tem que fazer sua parte. Se sua marca fizer isso da forma correta, será muito difícil o consumidor esquecer dela nos próximos anos pós-pandemia.

Don’t Act Alone
Se associe a quem já está fazendo algo, una esforços. Dividir o palco agora é sinal de maturidade da sua empresa. ONGs, outras marcas, entidades de classe – sempre haverá alguém que pode ajudar sua marca na missão a que ela se propõe.

Solve, Don’t Sell
Agora é hora de colocar os interesses da sociedade antes dos interesses do balanço financeiro. Claro, a saúde da empresa tem que ser mantida. Mas lembre: não há empresa saudável numa sociedade doente.

Communicate with Emotion and Facts
Use a emoção ao expressar qualquer pensamento da marca. Não seja frio ou didático. As pessoas precisam de conforto emocional.
Para isso não é preciso criar histórias fantasiosas; basta olhar para a vida das pessoas. A rua está cheia de grandes histórias humanas, cheias de paixão, medos, sonhos. O mundo real é a melhor biblioteca para um profissional de comunicação.

Autor: Mario D’Andrea, VP de Conteúdo e Integração da OpusMúltipla.


Se quiser conversar sobre esses assuntos ou outros sobre reputação de marca e comunicação,
fale com a D’OM.

2018

June 2018

Thursday, 07 June 2018

Quer me vender algo? Então converse comigo.

 

Brasileiro adora uma boa história. Talvez este seja o principal motivo para os últimos capítulos das nossas novelas terem mais audiência que a final do Super Bowl americano. São o final de histórias que agradam a maioria, independentemente do nível cultural e da classe social. Nesta era em que os meios de comunicação se multiplicaram, buscamos boas histórias para acompanhar. Além das novelas, reality shows, mini séries, web series, vidas dos outros no Facebook chamam a atenção e angariam nosso acompanhamento. Com as marcas dá-se o mesmo. Nos anos 50 e 60, a comunicação focava os diferenciais dos produtos ou serviços numa relação anunciante – público-alvo. Os meios disponíveis para levar a mensagem eram a TV, o rádio, jornal e revista. Não havia relação. Não havia troca de informações. Atualmente, as empresas precisam, além de chamar a atenção, reter o cliente por todo o processo de escolha. Por isso, as marcas devem dizer a que vieram. Qual história vai contar aos possíveis consumidores? O que faz por eles? Quais bandeiras defende? Qual seu propósito? Mais do que destacar diferenciais, iniciar uma contação de história, envolvendo o consumidor num universo bem mais interessante, numa relação que pode ser mais duradoura. A BMW foi uma das pioneiras nesse modo de contar histórias sobre sua marca, seus produtos e o que podem fazer por seus clientes. A série de comerciais exclusivamente destinados à web, dirigidos pelos grandes diretores de Hollywood, como John Woo, e estrelados por atores como Clive Owen, por exemplo*, despertaram o interesse de milhões de pessoas por acompanhar essas histórias. Dificilmente, o mesmo efeito teria sido alcançado numa relação de mão única e usando formatos tradicionais como os 30” em TV ou rádio. As pessoas entenderam os valores, benefícios intangíveis dos produtos BMW e conseguiram se identificar com a marca que chegou a elas de maneira mais agradável e interessante. À época, no início da web, a quem visitava uma concessionária da marca, era entregue um DVD com todos os filmes da série.

Recentemente, uma marca de roupas para jovens encontrou um modo de iniciar uma contação de histórias, ou story telling como dizem lá fora. Após identificar seu propósito, seu universo, buscou envolver os potenciais consumidores no que chamamos de comunicação 360º. Nas revistas, buscava gerar visitas para as lojas. Uma vez em frente à vitrine, o consumidor era convidado a olhar através de óculos 3D a um banner dentro da loja. O banner revelava a mensagem “Nas compras acima de X reais, ganhe um brinde exclusivo”. O brinde era um controle remoto no formato do personagem da marca, com um código de realidade aumentada no verso. Ao chegar em casa, o jovem acessava o site da promoção, segurava o volante voltado á sua web cam e iniciava um game. O volante fazia o papel do joy stick. Ao se cadastrar no site para iniciar o game, era convidado a participar do clube de relacionamento da marca. E, assim, o ciclo se fechava transformando o consumidor em cliente regular. A história era interessante, participar do clube dava voz ao consumidor que passava a participar daquela história.

E a sua marca? Já definiu suas bandeiras? Seu propósito? Já criou seu universo? E a sua comunicação? Continua empurrando atributos e características dos seus produtos ou serviços? Ou está realmente interessada em criar uma relação com o consumidor e contar-lhe histórias interessantes? Suas redes sociais estão bem geridas, ou você acredita que ainda não está preparado para elas? Já pensou nos canais proprietários de comunicação da sua empresa para ter maior controle sobre essa relação, o tal do Branded Content? Bom, este último assunto ficará para nosso próximo encontro. Boas vendas.

 

*http://www.youtube.com/watch?v=PKYUtUw-8ig&list=PLC7F2B693763ADEA0

 

Autor: Rodrigo Havro Rodrigues

Por que o Brasil não constrói marcas?

 

Quando um grupo de pessoas do nosso interesse (público-alvo) lembra-se da nossa marca e consegue associá-la a alguma palavra ou sentimento, preferencialmente distintivo em relação aos concorrentes, pode-se dizer que a marca foi construída.

Por exemplo: todos nos lembramos de Volvo? Sim. E quando pensamos nessa marca, é quase certo que segurança nos venha à cabeça. Portanto, a Volvo conseguiu construir sua marca. A primeira etapa na construção de qualquer marca é o que chamamos de “proeminência”. Ou seja, a marca deve ser divulgada, comunicada, para que seja reconhecida e lembrada. Mas apenas torna-la conhecida não garante a diferenciação necessária. Eis que surge a necessidade da segunda etapa: “posicionamento”. Posicionar a marca na mente do consumidor-alvo é estimular uma associação entre a marca e um diferencial que interessa ao empresário. Como quero ser lembrado? Qual resposta gostaria de ouvir, daqui a cinco anos, quando perguntar a um consumidor em potencial: “Quando você pensa na minha marca, o que lhe vem à cabeça?”. Se a resposta for a que deseja ouvir, seu processo de branding foi bem sucedido. Definir qual seria essa resposta é mais complexo do se imagina, mas extremamente recompensador.

A vantagem de se construir marca é a redução da sua fragilidade frente aos concorrentes e uma menor suscetibilidade na guerra de preços. Isso garante melhores margens e, consequentemente, mais reinvestimentos na própria empresa e seus produtos, criando um círculo virtuoso de diferenciação no segmento em que a marca atua.

Quem melhor construiu marcas até agora foram os americanos, ingleses, alemães, franceses, italianos e japoneses (talvez não nessa ordem). Não por acaso, as nações com a maior quantidade de marcas globais, são as nações mais ricas. Novos players se apressaram a entrar nesse seleto grupo, como a Coréia do Sul com Samsung, Hyunday, Kia entre outras. O pequeno país tornou-se um gigante do comércio internacional. Quem se aproxima agora? A China. O grande dragão, até agora conhecido pela produção em larga escala, preços baixos e baixa tecnologia própria, já percebeu as vantagens de criar suas próprias marcas globais. Por isso, é o país no mundo que mais importa livros e contrata consultorias sobre Branding e construção de marcas. E o que mais envia executivos para cursos de marketing, comunicação e branding, nas melhores universidades dos EUA e Europa.

Uma vez dominada a eficiência operacional, a China se prepara para começar a construir as marcas que serão responsáveis por melhores margens de lucro para suas empresas e por associar o país a tecnologia, qualidade e sofisticação. Realizará, assim, as duas atividades que Michael Porter recomenda para o sucesso empresarial: eficiência operacional e diferenciação.

E as nossas empresas brasileiras? Quanto investimos na construção das nossas marcas? Quantas horas presidentes e diretores passaram em cursos de marketing, comunicação e branding, nos últimos dois anos? De quantos congressos, seminários e workshops, sobre esses temas, participamos ano passado? E no exterior? De quantos? Qual é a qualificação do nosso principal responsável pela área de marketing e marcas? Foi o melhor que poderíamos ter contratado? Quanto tempo o principal gestor da empresa investe analisando como ampliar margens de lucro, com base em diferenciação e fortalecimento da marca e não apenas no corte de custos?

 

 

Autor: Rodrigo Havro Rodrigues

Por que gestores de empresas devem amar o marketing.

Dia desses, ouvi comentários indignados de um exaltado dono de empresa, com relação aos seus clientes corporativos: “Nesse trade só tem picaretas. Não quero mais falar com eles”. Referia-se, o empresário, aos seus clientes e responsáveis por distribuir e vender seus produtos ao consumidor final. Comentários similares já ouvi aos montes nesses anos de atividade. Ora a revolta é com o distribuidor, ora com os meios de comunicação, ora com o próprio consumidor final que “não consegue perceber a qualidade única dos nossos produtos”.cO problema de brigar com o mercado e se voltar para dentro da empresa/indústria para “não ter que lidar com essa gente” é simples. Seu concorrente vai adorar. Toda empresa depende do mercado para sobreviver. Dos seus fornecedores, da sua força de vendas, distribuidores, parceiros comerciais, imprensa, ONGs que podem afetar seu setor, veículos de comunicação, agências de comunicação e consumidores finais. E esse mercado, em bom português, tem nome: marketing.

Entender de marketing e amar a comunicação, portanto, são condições fundamentais para qualquer empresário construir um futuro promissor para sua empresa. Infelizmente, não é o que se vê na prática. Boa parte das empresas confunde marketing com comunicação e acaba contratando “a menina do marketing” que, na melhor das hipóteses, é uma afixadora de banners e recepcionista de veículos de comunicação. Raramente encontro algum dono de empresa nos seminários, cursos e congressos de marketing dos quais participo aqui no Brasil ou fora. Assim, a compreensão de que o marketing não é um departamento, mas a forma de uma empresa toda atuar, sua cultura, continua passando longe de alguns empreendedores.

Marketing, como se sabe, é cuidar da distribuição e definição dos pontos de troca do seu produto/serviço; é definir política de preços com critério; é estudar muito antes de lançar produto novo, observar tendências de consumo e, por fim, promover adequadamente seus produtos ou serviços. E, para isso, uma boa empresa de comunicação deve ser contratada. Assim como escolhemos com cuidado nosso cardiologista e não economizamos no tratamento que ele nos recomenda, não devemos negligenciar o coração das nossas empresas, que é sua relação com o mercado, investindo ponderada, mas permanentemente em pesquisas, promoção e mensuração dos resultados.

 

Autor: Rodrigo Rodrigues

E essa tal de geração de marcas?

 

Para este ano que se inicia, acredito ser importante atenção a um assunto que não é novo, mas que, cada vez mais, faz-se fundamental para as empresas do Paraná e do Brasil. A criação e a gestão de marcas ou, como se diz em bom português, o Branding. Tenho percebido que alguns países já se atentaram à importância de cuidar da gestão das marcas para garantir diferenciação da concorrência, competitividade internacional não baseada em preço e, por conseqüência, melhores margens. A China, por exemplo, que produz a pedido dos país que dominam o branding, já acordou para a pequena margem que tem em cada venda e da sua dependência da produção em grande escala. Por isso, iniciou seu projeto nacional de construção de marcas fortes. Primeiramente para o mercado chinês, depois para competir globalmente. Os chineses entenderam que, para vender produtos com marcas chinesas, nos mesmos patamares de preços que Mercedez Benz, Chanel ou Sony, precisarão construir na mente dos consumidores a imagem de que suas próprias marcas são tão boas quanto. Como conseqüência estão levando para seu país os principais cursos, consultores, faculdades e literatura sobre o assunto. Estão consumindo branding com olhos para os próximos dez ou vinte anos.cAqui em nosso quintal, todavia, ainda vemos muitas empresas apenas preocupadas com a otimização dos meios de produção para competir por preço. Somente isso não é suficiente. Isso porque, quando um consumidor consegue associar à marca A uma qualidade ou benefício, podemos dizer que essa marca ocupou uma posição clara junto ele. É desejável que essa associação seja relevante para o consumidor, diferente das associações que faz às demais marcas e que a marca A consiga verdadeiramente entregar esse diferencial no dia-a-dia. Branding, portanto, é o processo de se estimular um determinado segmento de mercado a reconhecer algum valor ou benefício em uma marca. Quando ocorre uma associação, pode-se, também, dizer que houve “posicionamento” da marca na mente do consumidor.

Lembro do exemplo da Bleck&Decker que produz ferramentas e equipamentos para uso doméstico e profissional. O problema da marca começou quando profissionais como construtores, marceneiros entre outros começaram a ver as donas de casa usando eletrodomésticos e ferramentas com a mesma marca que as suas ferramentas profissionais. Ao verem suas clientes furando paredes para pendurar quadros com ferrantas B&D, sentiram-se quase que como amadores e migraram para outras marcas como Makita, por exemplo. Ou seja, um determinado segmento de mercado passou a ter associações não desejáveis de uma marca importante como B&D. A solução foi segmentar o mercado e apostar na marca DeWalt para o segmento profissional e manter B&D para o domiciliar. Parece-me importante destacar a necessidade das marcas definirem com clareza o que desejam representar aos seus consumidores. Para isso, desenvolvi uma pergunta que poderá ajudar a encontrar a associação ou posição desejável para sua marca junto ao segmento que pretende atender. O que é relevante para o meu consumidor, que o meu concorrente não oferece, mas que eu posso verdadeiramente oferecer e entregar? A resposta deveria ser dada em forma de uma “Declaração de Posicionamento” (positioning statement). Uma declaração de posicionamento é composta de quatro partes. São elas:

a) target – definição precisa do público que pretendo atingir;

b) quadro de referência – deixar claro qual é o segmento do produto ou serviço que ofereço;

c) ponto de diferença – razão que faz minha marca superior às demais;

d) razões para acreditar – razões que sustentam essa diferença que a marca diz ter.

Vale destacar que o “ponto de diferença” é único, fácil de entender e distintivo entre os demais players. Tente chegar apenas a uma palavra que resuma o porquê da superioridade da sua marca. Se não conseguir, seu consumidor certamente não o fará por você.

No caso da De Walt, um case bem sucedido, a declaração de missão ficou assim: “Para os profissionais do ramo dos serviços de construção e reformas que utilizam ferramentas profissionais e que não se podem dar ao luxo de perder tempo com ferramentas que estragam a toda hora (target), as ferramentas profissionais DeWalt (quadro de referência) são mais confiáveis que as demais marcas (ponto de diferença) porque são projetadas de acordo com o histórico padrão de qualidade da marca e têm conserto ou substituição garantidos, de qualquer ferramenta, em até 48 horas (razões para acreditar).”*

Fundamental que toda marca tenha sua declaração de posicionamento. É o primeiro passo para definir o que a marca deseja ser e fazer por seu consumidor. Em seguida, divulgar e entregar o diferencial para que a associação ocorra junto ao mercado. A conseqüência, mostrada por marcas como Disney, Apple, PriceWaterhouse&Coopers, Southwest Airlines entre outras, é fidelização e melhores margens.

 

 

Autor: Rodrigo Havro Rodrigues

*Alice Tybout. Kellogg School of Management.

Comunicação Integrada de Marketing PARTE I

Comunicação Integrada de Marketing. Preciso mesmo disso?

 

Imagine-se em vias de lançar um produto ou serviço qualquer. Como esta revista aborda assuntos relacionados ao mercado imobiliário, imaginemos que nossa missão é lançar um novo empreendimento. Primeiramente, precisamos analisar qual é o posicionamento da empresa responsável pelo empreendimento. Diferencia-se por preço? Por padrão de imóvel? Pela tradição? Como descendente de uma empresa, todo produto carrega em si traços do DNA da marca-mãe, mas precisa definir sua própria personalidade. Como exemplo, temos os produtos Nestlè. A marca-mãe nos remete a produtos de qualidade que fazem bem para a saúde e nos passa a ideia de carinho de mãe, de cuidado. O Nescau, voltado para adolescentes, precisa ter uma imagem condizente com seus benefícios principais e com seu target. Jovem, dinâmica e alegre. Todavia, não pode ignorar a imagem de qualidade e de cuidado da marca-mãe. A Nestlè, portanto, não poderia lançar produtos que não são percebidos como bons para a saúde da família. Por isso, não vemos essa marca lançando os famosos salgadinhos ou refrigerantes.

Uma vez definidos os diferenciais do meu novo empreendimento e garantida a coerência com a personalidade da empresa responsável por ele, a Comunicação Integrada de Marketing entra em ação. O primeiro passo de uma boa campanha é o que chamamos de Coordenação Tática das Peças de Comunicação. É quando existe um alinhamento gráfico e sonoro entre as peças. Por exemplo: qual é a cor do Itaú? Quem respondeu alaranjado e azul acertou. Ao ler anúncios ou assistir comerciais de TV desse banco, notaremos que as cenas são alteradas para uma coloração azul e alaranjada, assim como as roupas do atores e os objetos de cena. Os tipos de letra (fontes) dos anúncios são sempre as mesmas e a assinatura da marca sempre no mesmo lugar. Referência em alinhamento sonoro é a Intel que tem sua vinheta característica tanto no rádio, quanto na TV. E quem se lembra da claque “É só amanhã” do Magazine Luiza? Importante observar que a claque surge logo no início dos comerciais de TV, para que saibamos que oferta a seguir é do Magazine Luiza e não das Casas Bahia. Esse último tende a levar crédito pela oferta do anterior, pelo simples fato de investir o dobro em comunicação. Pensando nisso, vale o ditado “Quem não é maior, deve ser mais rápido” ou, nesse caso, mais profissional.

Mas qual o motivo de tanta preocupação com esse alinhamento gráfico e sonoro entre as peças de uma campanha e entre as campanhas ao longo do ano? A repetição desses elementos de comunicação na mente do consumidor cria o que se chama de Identidade de Marca e permite ao público-alvo lembrar-se do anunciante. Se, ao terminarmos de folhear uma revista, lembrarmo-nos do anúncio, mas não do anunciante, aquele dinheiro foi mal investido. A Comunicação Integrada de Marketing preconiza o investimento gradual e organizado em comunicação para, no curto prazo gerar negócios e, no longo prazo, ajudar a construir a imagem do anunciante. É um efeito “bola de neve”, em que uma ação presente alimenta a próxima, potencializando os investimentos do anunciante. Um rápido “quizz”: o tipo de letra do seu site é o mesmo do seu anúncio? As cores da sua marca ou linha de produto são estão presentes em todas as peças de comunicação de maneira harmoniosa? Usa sempre o mesmo locutor? Possui vinheta sonora ou trilha sonora? A marca na fachada da sua empresa ou loja é a mesma usada no folheto?

No próximo artigo, vamos avançar na Comunicação Integrada de Marketing, explorando a importância da utilização de múltiplos meios de comunicação para impactar todos os públicos com os quais uma empresa interage.

 

 

Autor: Rodrigo Havro Rodrigues

 

Comunicação Integrada de Marketing PARTE II

Publicidade, marketing direto, eventos ou redes sociais? Quando e como usar cada um?

Não primeiro artigo sobre esse assunto, apresentamos o conceito da comunicação integrada de marketing e sua importância na construção de uma mensagem única e diferenciadora na mente dos públicos-alvo de uma empresa. Neste artigo, vamos abordar a definição dos meios de comunicação, considerando esta era multi-plataformas, na qual há diversos novos meios de comunicação, e consumidores com hábitos de mídia cada vez mais peculiares. Definir qual o melhor canal para levar sua mensagem ao seu potencial consumidor é fundamental para o sucesso do seu negócio.cA Comunicação Integrada de Marketing (CIM) é o modelo mais moderno de gestão de ações de comunicação e parte da premissa de que apenas um meio de comunicação, ou uma ação de comunicação, não é capaz de cobrir todos os públicos-alvo de uma empresa, envolvê-los e fidelizá-los. Esses três objetivos de todo programa de comunicação só podem ser plenamente atingidos numa combinação de ações de comunicação complementares. Isso porque toda empresa tem, atualmente, vários públicos – consumidor final, trade, força de vendas, imprensa, ONGs, acionistas, funcionários, agentes influenciadores entre outros – e cada um desses públicos divide sua atenção entre vários meios de comunicação. Além disso, cada meio pode ser usado para um fim específico, a depender das suas características. Por exemplo: a indústria automotiva utiliza a TV para lançar seus novos veículos e vender o conceito do carro e o sonho do consumidor em possuí-lo. Por isso, assistimos a comerciais de TV em que aquela pick up sobe montanhas e cruza rios paradisíacos. É a venda do conceito de liberdade ou da aventura, pois a TV usa sons e imagens e movimento. Na revista, são vendidos os diferenciais ou features da nova pick up. Podemos conhecer melhor o motor, o farol, acessórios internos entre outros. Isso porque a revista é um meio que permite inserção de mais informações, uma vez que o leitor está disposto a despender tempo lendo. Já o rádio e o jornal são usados para vender as ofertas do final de semana, o “cd player grátis + emplacamento”, por exemplo. Pois são meios consultados pelos consumidores antes de fazer compras e o rádio, especificamente, garante bastante frequência gerando aumento de pessoas interessadas na oferta.

Outra vantagem de seu usar vários meios de comunicação simultaneamente é a ampliação da cobertura, ou seja, do número de pessoas impactadas pela sua mensagem. Usar somente rádio, ou somente jornal, pode significar falar sempre com as mesmas pessoas e nunca ampliar a base de potenciais consumidores atingidos pela comunicação.

Por fim, usar diferentes plataformas garante melhores resultados porque multiplica os esforços. Imagine ofertar na TV e o consumidor chegar na sua loja e não perceber que existe promoção, pois não há esforço de visual merchandising? Ou planejar uma ação na mídia e o consumidor, ao buscar no Google ou entrar no seu site, não encontrar nenhuma informação a respeito?

Above the line ou bellow the line?

Essas duas expressões dizem respeito à separação que existe entre os meios de comunicação, mesmo que não sejam muito precisas. Por above the line compreende-se as mídias destinadas a grandes audiências (tv, rádio, jornal, revista, outdoor). Bellow the line seriam as demais (marketing direto, ações no ponto de venda, redes sociais e eventos). Muito tem se falado da perda de espaço da TV aberta como mídia publicitária. Por incrível que pareça, estudos recentes mostram o crescimento da força da TV aberta. O Brasil não apenas tem mais domicílios com aparelhos de TV, como um número absoluto de espectadores maior do que anos atrás. Os capítulos finais de novelas e reality shows brasileiros impactam mais consumidores do que a final do Super Bowl americano. Esses meios de comunicação são ótimos para gerar demanda às lojas e ajudar a construir a notoriedade da marca que, segundo pesquisas, na mente dos consumidores é igual a qualidade e confiabilidade.

Todavia, aumentar o fluxo de interessados nos seus empreendimentos, site e 0800 é apenas parte dos objetivos de comunicação. Para converter interessados em consumidores, é necessário suprir com informações, cuidar dos serviços agregados e ser exímio no pós-vendas que muitos já tratam como “pré-segunda venda”. Para esses fins, os meios mais adequados são:

– a boa gestão das redes sociais (importante: o fato de você não querer ou não achar que está na hora de “entrar” nas redes sociais, não significa que não estão falando de você). Hoje, com o behavioral targeting, em que usamos o comportamento das pessoas nas redes sociais para definir a quem comunicar e onde comunicar, conseguimos altas taxas de visualização, incremento na interação com a marca e possibilidade de mensuração dos resultados real time;

– sites bem atualizados, de fácil navegação e com linguagem adequada ao seu público;

– ponto de vendas (showroom) com a linguagem da campanha do momento e o bom e

programas de relacionamento que abrirão um canal de contato permanente com seus consumidores e prospects. Esses programas ajudam não só a aumentar a fidelidade, como a ampliar o número de pessoas que recomendam a sua empresa. Estudos indicam que membros de programas de relacionamento são responsáveis por tíquetes médios três vezes maiores do que não membros.

– conteúdos relevantes (sua revista e newsletter, por exemplo) em formato interativo para acesso por tablets e smartphones. Pense em quantas vezes você já procurou por conteúdo usando essas ferramentas? Ficou feliz com a interface? Surpreendeu-se com a interatividade, ou era somente a revista convertida em PDF (arquivo digital)?

Cada meio de comunicação, portanto, deve ser usado com um propósito específico de acordo com suas características e a combinação deles ampliará a abrangência e pertinência da sua comunicação, garantindo melhor ROI. A propósito, esse será o assunto do nosso próximo encontro.

Autor: Rodrigo Havro Rodrigues

A CIM e o data analysis

Todas as empresas e suas marcas precisam alinhar dois grandes objetivos: geração de resultados no curto prazo (fluxo em loja, leads, acessos e vendas) e a construção de uma imagem que garante compreensão do consumidor e diferenciação da concorrência (esse objetivo garante melhores margens). Ou seja, os dois grandes objetivos de uma empresa se confundem com os dois grandes objetivos da Comunicação Integrada de Marketing: geração de negócios no curto prazo (vender mais) e construção de marca no longo prazo (vender melhor).

Uma vez definida a imagem diferenciadora, é preciso construí-la nas mentes dos públicos-alvo da empresa. Neste momento, a CIM preocupa-se em organizar os elementos de marca, no que chamamos de Coordenação Tática. É quando existe um alinhamento gráfico e sonoro entre as peças. Por exemplo: qual é a cor do Itaú? Quem respondeu alaranjado e azul acertou. Ao ler anúncios ou assistir comerciais de TV desse banco, notaremos que as cenas são alteradas para uma coloração azul e alaranjada, assim como as roupas dos atores e os objetos de cena. Os tipos de letra (fontes) dos anúncios são sempre os mesmos, a assinatura da marca sempre no mesmo lugar, uma trilha sonora distinta e uma vinheta sonora marcante (lembram do “plin plin” da Globo?).Mas qual o motivo de tanta preocupação com esse alinhamento gráfico e sonoro entre as peças de uma campanha e entre as campanhas ao longo do ano? A repetição desses elementos de comunicação na mente do consumidor cria o que se chama de Identidade de Marca e permite ao público-alvo lembrar-se do anunciante. Se, ao terminarmos de folhear uma revista, lembrarmo-nos do anúncio, mas não do anunciante, aquele dinheiro foi mal investido. A Comunicação Integrada de Marketing preconiza o investimento gradual e organizado em comunicação para atingir os dois grandes objetivos mencionados anteriormente. É um efeito “bola de neve”, em que uma ação presente alimenta a próxima, potencializando os investimentos do anunciante. Para quem nos lê, um rápido “quizz”: o tipo de letra do seu site é o mesmo do seu anúncio? As cores da sua marca ou linha de produto estão presentes em todas as peças de comunicação de maneira harmoniosa? Usa sempre o mesmo locutor? Possui vinheta sonora ou trilha sonora? A marca na fachada da sua empresa ou loja é a mesma usada no folheto?

A CIM também se preocupa com o relacionamento das marcas com seus públicos. Isso implica analisar quais são os canais mais eficazes para converter prospects em consumidores e, na sequência, procurar fideliza-los. Para tanto, é necessário oferecer informação adequada, no canal adequado e na hora em que o consumidor deseja pesquisar sobre produtos ou serviços. Com a multiplicidade de meios de comunicação disponíveis, somente o data analysis, ou análise de dados, pode dar conta de missão hercúlea como essa. Acompanhar os públicos na web, nas redes sociais, monitorar seus comportamentos de compra, cruzar todos esses dados e melhorar o ROI (return on investiment) das empresas é, também, tarefa da Comunicação Integrada. Quem acha que comunicação é apenas publicidade, ou tarefa de um departamento da empresa, deve se preparar para resultados cada vez piores. Negligenciar o que a análise de dados pode oferecer e o que a experiência com sua marca pode garantir é o início do fim, neste mundo high tech.

Autor: Rodrigo Rodrigues